Forte procura por trigo dos EUA afeta Brasil

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Já com pouca disponibilidade de trigo proveniente da Argentina, os moinhos brasileiros também estão com dificuldades para importar o cereal dos Estados Unidos, em uma conjunção que já resultou em alta de preços no mercado interno. Conforme o Sindicato da Indústria do Trigo de São Paulo (Sindustrigo-SP), neste ano dobrou para 60 dias o prazo entre a compra e a chegada do cereal americano ao porto de Santos (SP).

A dificuldade de escoamento de trigo pelos Estados Unidos começou no início deste ano, com os problemas logísticos causados pelas temperaturas extremamente baixas naquele país. Mas foi agravada pela tensão política entre Ucrânia e Rússia. Países como o Egito, acostumados a se abastecer nesses dois mercados, passaram a procurar o cereal americano e, com isso, as filas nos portos dos EUA para embarcar o produto aumentaram nas últimas semanas, de acordo com o presidente do Sindustrigo-SP, Christian Saigh.

Nesse contexto, as cotações da commodity na bolsa de Chicago já subiram 15,4% apenas do início de março até ontem. Nas últimas semanas, o mercado doméstico também passou a acusar o golpe, segundo Marcelo De Baco, da De Baco Corretora, de Porto Alegre (RS). “Com os atrasos, os moinhos têm que entrar com força comprando internamente”.

Além disso, segundo De Baco, a variação cambial tem estimulado as buscas da indústria pelo trigo nacional. “O risco que o moinho corre de comprar o trigo com o dólar a R$ 2,20 e depois, no momento de receber a carga, ter que pagar com o dólar a R$ 2,40 é tão grande que vale a pena comprar trigo no mercado interno”.

No Rio Grande do Sul, onde está a maior parte dos estoques de trigo do país, os preços do cereal subiram 18,4% desde o início de março, conforme o indicador Cepea/Esalq.

Ao longo da cadeia, os repasses já estão ocorrendo. No mercado interno, o preço da tonelada da farinha de trigo vem oscilando mês a mês, mas, na média do primeiro trimestre, está em R$ 1.781 a tonelada, 9,7% acima do preço médio de 2013, que foi de R$ 1.623, conforme levantamento da Associação Brasileira da Indústria do Trigo (Abitrigo). Já houve reflexos também no preço do pão francês. Segundo o indicador da Fundação Getúlio Vargas (FGV), publicado pela Abitrigo, houve, entre janeiro e março deste ano, alta de 3,03% no preço médio do pãozinho.

Esse “atraso” na chegada do cereal americano só não causará problemas de abastecimento no mercado brasileiro porque, logo depois que os moinhos do país compraram trigo nos EUA, houve a liberação de embarques de mais cereal argentino. “O que teremos é um ‘congestionamento’ de navios da Argentina e dos EUA, que chegarão no mesmo período, entre o fim de abril e o início de maio”, afirma Saigh.

Nesse período, está previsto o desembarque, somente em Santos, de 350 mil toneladas de trigo da Argentina e outras 100 mil toneladas de cereal americano. Esse problema deverá resultar no pagamento de demurrage (multa de sobre-estadia de navios), que, para cada navio, chega a US$ 20 mil por dia.

“Os moinhos importadores já tiveram que arcar com pagamento de demurrage em 15 dias no mês de março, pois a chegada dos navios com trigo disputaram berços de atracação com navios que vieram carregar soja e milho para exportação. Em abril, devemos ter mais 15 dias de demurrage”, estima Saigh.

Além disso, aumentam as preocupações com a qualidade do grão cultivado nos Estados Unidos, maior fornecedor global do produto. Na semana encerrada no domingo, 34% da lavouras do país foram consideradas em “boa” ou “excelente” condições, conforme o Departamento de Agricultura dos EUA (USDA). No ano passado, o trigo com essa qualidade alcançava 36% das áreas plantadas. Segundo especialistas, o recente retorno das baixas temperaturas pode afetar a produtividade.

Fonte: Valor Econômico.

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